Aprender com as crianças é algo magnifico, já tive a oportunidade de participar de um grupo de trabalho com crianças e amei esse tempo, foi de grande auxilio na minha vida.
Assistindo essa telenovela que agora está disponível no Netflix, rememorei meus tempos de aprendizado com as crianças com quem convivi, não tem como ignorar a inocência, sinceridade e franqueza como falam o que pensam e não tem medo de mostrar seus verdadeiros sentimentos.
O enredo se passa numa cidade interiorana e o personagem central é uma garotinha que perde a mãe, o pai desolado viaja e fica ausente por alguns anos e a criança passa a conviver num internato de freiras.
A menina é muito doce e por conta de toda dor que sente por perder a mãe e ter o pai ausente, se torna extremamente empática com as demais coleguinhas e está sempre disposta a ajudar todos a sua volta.
Num contraponto com essa linda menininha tem outra menina que ao contrário, tem pai e mãe e até um irmão, mas seu comportamento é arrogante e petulante e tem muita inveja de Dulce Maria, a personagem central, mas na verdade a medida que a trama se desenrola, fica claro, que a criança precisa de atenção e seu comportamento é por falta de carinho.
Conforme as cenas vão se passando várias questões são levantadas, a empatia de Dulce Maria, a proibição de novidades tecnológicas no colégio das freiras, a austeridade disciplinar e ao mesmo tempo muito carinhosa da madre superiora e todo o convívio das crianças no internato.
O roteiro apresenta questões para refletirmos sobre preconceito, racismo, diversidade, música, romances e todo o relacionamento entre famílias em diferentes esferas.
Abordagem de personagens vilãos que descobrem o arrependimento, a reconciliação e o perdão e os que não se arrependem e precisam arcar com o ônus de suas escolhas.
Muitas cenas de casamento dão um toque especial ao enredo, inclusive com uma música linda que eu nunca tinha ouvido, uma cena que me deixou encantada, casamento dos personagens Vitor e Estefânia.
Com leveza a série mostra o respeito pela diversidade, quem gosta de sertanejo, rock ou pop, convivendo em harmonia e ajudando a encontrar um espaço na divulgação de um trabalho honesto e feito com muita sensibilidade.
Mas, como em todo enredo, também existem falhas, e na cena do casamento dos personagens Gustavo e Cecilia, o padre se propõe a fazer uma ministração com base em um texto bíblico, porém acaba citando um texto que na verdade é o relato de mulheres que ficam viúvas.
"Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.
Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o Senhor o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti."
Rute 1:16,17
Aqui houve uma falha do roteirista que não fez a pesquisa e não foi ler o texto e perceber que não tem nada a ver com casamento, principalmente quando quem vai fazer uso da palavra é um personagem "padre", que teoricamente deveria ter conhecimento bíblico.
Bem, fica a dica, é sempre bom pesquisar e ter certeza de dar os crédito a quem de direito de forma correta, fazer uma citação de uma frase, livro, música, poema e não conferir a quem de verdade pertence pode ser uma falha muito grave.
Esses dias vi com meu marido um vídeo de uma professora explicando essa falha com relação ao uso de músicas em inglês que quando se confere a tradução pode estar em total desconexão com o contexto que se quer apresentar.
Apreciem o vídeo que gravei sobre essa série e na descrição estão todos os links das cenas e das citações que fiz.
